ADAPTAÇÃO AO MEIO AQUÁTICO: algumas discussões que podem influenciar a sua prática (parte 4)
- Postado por Guilherme Tucher
- Categorias Notícias, TOP - Natação
- Data 19 de janeiro de 2023
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Acompanhe agora a Parte 4 do texto sobre Adaptação ao Meio Aquático, no qual é apresentada uma proposta de ensino da AMA que considera os outros esportes aquáticos.
Se você quiser ler a Parte 1, a Parte 2 ou a Parte 3, use os links abaixo.
O método CEReKi para o ensino da AMA: (MORGADO et al., 2016)
A proposição do método CEReKi se baseia nas dificuldades que geralmente as crianças apresentam durante o ensino da AMA, sendo uma proposta metodológica coerente com o conceito abrangente de competência aquática (utilizado nas sessões aquáticas para crianças Belgas).
A abordagem proposta privilegia a organização do ensino em modo de circuito, com vista a permitir a participação de um elevado número de crianças na água e em tarefas adaptadas para diferentes níveis de competência aquática, garantindo elevados níveis de empenho motor e sempre em segurança.
A concepção pedagógica é baseada nos princípios da descoberta guiada e do movimento ativo: a criança é iniciadora do seu plano de ação, evoluindo em liberdade e autonomia total, em função do nível de competência aquática que apresenta.
O papel do professor é garantir a segurança, para criar um clima de confiança e diversão, de diminuir os medos, e convidar as crianças a explorar novas habilidades da AMA, respeitando sempre as diferenças no ritmo de aprendizagem.
Neste método o circuito é composto por um material transportável, sendo a sua colocação e armazenamento de rápida e fácil execução. O material de base consiste em redes (que formam uma área para as crianças ficarem em cima), barras, colchões flutuantes rígidos, gaiolas em PVC e escorrega (um transportável e outro metálico que imerge).
Outros materiais (arcos, espaguetes, pranchas e pull-boy) também podem ser utilizados em jogos e atividades. O circuito com os materiais pode ser montado de diferentes maneiras, podendo ser modificado de acordo com a idade da criança, seu nível de competência aquático, tamanho da classe e objetivos a se explorar.
Ao longo das aulas, o aumento da competência e confiança dentro da água leva as crianças a procurar ampliar as suas experiências, podendo, ou não, ser modificado o circuito – já que as crianças podem explorá-lo de forma diferente.
Pelo que pude perceber do método, não há conteúdos claros que devem ser ensinados as crianças que estão na AMA. Como descrito anteriormente, as crianças aprendem de forma ampla pela própria experimentação do ambiente, como se fosse uma aprendizagem não sistemática. O ambiente é modificado para tornar a experimentação do ambiente mais simples ou complexa, exigindo assim, sem que os alunos percebam, menos ou mais de suas competências motoras e emocionais.
Eu espero que essa discussão tenha sido interessante e útil para você. Se você quiser saber mais sobre o assunto e conhecer a metodologia que tenho ensinado ao longo dos anos, saiba mais sobre o meu curso de Adaptação ao Meio Aquático.
CANOSSA, S.; FERNANDES, R. J.; CARMO, C.; ANDRADE, A.; SOARES, S. M. Ensino multidisciplinar em natação: reflexão metodológica e proposta de lista de verificação. Motricidade, v. 3, n. 4, p. 82-99, 2007.
FERNANDES, J. R. P.; LOBO DA COSTA, P. H. Pedagogia da natação: um mergulho para além dos quatro estilos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 20, n. 1, p. 5-14, 2006.
FREUDENHEIM, A. M.; GAMA, R. I. R. B.; CARRACEDO, V. A. Fundamentos para a elaboração de programas de ensino do nadar para crianças. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 2, n. 2, p. 61-69, 2003.
MORGADO, L.; COSTA, A.; MANHATTAN, M.; MARY, V.; ANNE, D.; BORIS, J. À descoberta do meio aquático: o método CEReKi para o ensino da adaptação ao meio aquático. In: MOROUÇO, P., et al (Ed.). Natação e Atividades Aquáticas: pedagogia, treino e investigação. Leiria: Instituto Politécnico de Leiria, 2016. cap. 2, p.27-41. ISBN 978-989-8797-11-7.
NAVEGA, S. F. Progressões pedagógicas de natação para crianças dos 0 aos 6 anos de idade. 2011. (Mestrado). Ciências do Desporto, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.
SANTOS, A. C.; GONÇALVES PEREIRA, R. Estudo comparativo da organização das escolas de natação. Três casos versus três parâmetros do processo ensino-aprendizagem. Motricidade, v. 4, n. 3, p. 87-94, 2008.
É docente no curso de graduação e no programa e pós-graduação em educação física da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na EEFD ainda é coordenador do Grupo de Pesquisa em Ciências dos Esportes Aquáticos (GPCEA).
Doutor em Ciências do Desporto (2015), Mestre em Ciência da Motricidade Humana (2008), Especialista em Esporte de Alto Rendimento (2014), em Natação e Atividades Aquáticas (2004) e em Treinamento Desportivo (2005), e Graduado em Educação Física (2003).
Docente no ensino superior desde 2005, atuou ainda como professor de natação trabalhando com diferentes níveis de aprendizagem e aperfeiçoamento, bem como treinador de natação competitiva participando de campeonatos estaduais (RJ) e nacionais.