Intensidade no treino de nadadores não atletas

Introdução

Muitas vezes se questiona a necessidade e aptidão dos alunos de natação em realizarem séries de potência aeróbica (end 3 ou A3) e séries de capacidade anaeróbica (An1 ou Vel1). 

Esses são estímulos muito comuns para nadadores competitivos, talvez um dos mais interessantes. Mas e para nadadores não competitivos, cujo objetivo maior é a saúde?

Os estímulos de potência aeróbica são aqueles consideramos como os mais intensos dentro de uma prevalência ainda aeróbica. É um aeróbico forte.

Esse estímulo pode ser realizado, sendo inclusive uma recomendação para a saúde.

Quando eu começo?

Sabendo disso, significa que eu posso começar a oferecer esse treino amanhã aos meus alunos? Não, necessariamente. 

Eu preciso analisar as condições dos meus alunos. Pode ser que seja necessário eu montar uma programação, uma periodização, para que eles consigam fazer estímulos aeróbicos mais intensos. 

Ou seja, se você procura um objetivo para os seus alunos, esse pode ser justamente aquele que você procurava para montar a sua periodização.

Nesse caso, a sua periodização pode ser justamente para isso – elevar o nível de condicionamento dos nadadores. 

Todos podem fazer?

Entretanto, em qualquer caso eu tenho que pensar se esse tipo de estímulo é coerente em ser utilizado com quem não sabe nadar.

Com quem não sabe nadar – pode ser um jovem, um adulto ou um idoso -, se ele não tem uma técnica adequada para nadar em velocidades maiores, para suportar os estímulos mais intensos por que eu vou oferecer esse tipo de treino? 

A técnica dele é tão ruim que não justifica fazer estímulos intensos – ele não consegue nem nadar com qualidade em baixas velocidades!

Para esse tipo de aluno eu vou desenvolver a técnica nadando em baixas velocidades, com ele descansado.

O aluno precisa entender o que o professor fala para poder pensar no que ele precisa fazer e depois executar de maneira correta o movimento. 

Por outro lado, se o aluno tem boa técnica, é treinado, não quer competir, não está preocupado com o desempenho esportivo – por que ele deveria fazer esse tipo de treino?

Simples – porque faz bem pra saúde.

Mas o que ficaria diferente, se compararmos ao treino de atletas.

Simples! A frequência e a distância da série.

E os treinos anaeróbicos?

Essa linha de raciocínio não é diferente para os treinos anaeróbicos. Ou seja, o aluno tem técnica adequada, tem bom condicionamento físico, tem lastro de treinamento?

Então vamos em frente.

Os treinos anaeróbicos alático e lático são extremamente interessantes para desenvolver a condição aeróbica, anaeróbica e a força muscular.

Com as crianças não faz sentido você oferecer os treinos anaeróbicos láticos por outro motivo.

Em termos fisiológicos elas não têm condições de suportar esse sistema. E diria que nem emocionalmente. 

Se eu pensar que tecnicamente, geralmente, elas não são boas e fisiologicamente não estão preparados para isso, por que fazer esse tipo de treino?

Eu vou dar um exemplo, que eu me lembrei, de um dos atletas da nossa equipe. Os nadadores tinham cerca de 15-16 anos e faziam alguns tiros de 25 m.

Eu não me lembro exatamente quantas repetições. Em princípio, pelo descanso de 2-3 minutos, era para ser um estímulo alático.

Entretanto, nós tínhamos na equipe um dos atletas que começou a treinar depois. Ele nadava bem, era bem condicionado, mas tinha menos tempo de treino do que os outros. 

Dessa forma, enquanto todo mundo estava tranquilo no treino (porque fazer tiros de 25 m descansando 3 minutos é moleza; na hora do estímulo é máximo, mas depois acabou, acabou. Os atletas ficam na borda até conversando) ele passava mal e vomitava do lado de fora da piscina.

Como eu resolvi esse problema? Ele fazia, por exemplo, a primeira e a terceira série, enquanto o restante fazia a primeira, a segunda, a terceira… os outros nadadores descansavam 2-3 minutos enquanto ele descansava 5-6. 

Aos poucos ele foi se adaptando, se condicionando e passou a fazer o treino com todo mundo. 

Conclusão

Conhece as características do seu atletas e do estímulo que pretende oferecer. Pense se realmente esse estímulo é importante para esse momento do treinamento.

Se for, siga em frente. Caso contrário, o foco deve ser outro.

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