Ensino da técnica da natação no TLP

Introdução

Vamos lembrar da nossa educação básica. Ao longo do nosso processo de aprendizagem da matemática, há uma progressão no grau de dificuldade das tarefas que precisamos aprender. Primeiro nós aprendemos aritmética, depois álgebra e geometria.

Mas dentro do processo de aprendizagem da aritmética, nós não aprendemos tudo ao mesmo tempo. Bem resumidamente, primeiro aprendemos a somar e a subtrair. Só depois aprendemos a multiplicar e a dividir.

Além disso, quando você está no processo de aprendizagem da multiplicação e da divisão, você não deixa de aprender os conteúdos de soma e subtração. Eles continuam sendo ensinados e desenvolvidos. Possivelmente agora em um grau de complexidade maior.

Se você executava operações com números com uma ou duas casas decimais, agora você já tem cálculos com três ou quatro casas decimais. Mas pode ser que você saiba muito pouco de multiplicação e divisão.

Você sabe a tabuada, mas ainda não entende muito bem para que ela serve. Você ainda está aprendendo, é normal. Dentro da aprendizagem da multiplicação e da divisão a proposta é a mesma. Começamos com a tabuada, começamos com números menores.

Essa aprendizagem e processo de descoberta evolui para as frações, percentual e probabilidade. No final, como eu já disse para o meu filho, é sempre a mesma coisa. Número é número e de alguma maneira nós teremos que somar, subtrair, multiplicar ou dividir. Nós só estamos analisando a situação sob um ponto de vista diferente.

Depois de alguns anos aprendendo aritmética, você aprende álgebra e geometria. Isso significa que você não aprendeu nada sobre essas áreas anteriormente? Não! Mas o que você aprendeu foi aquilo que você tinha condições de aprender.

No final o caminho é o mesmo. Eu começo com a parte mais fácil e progrido para a mais difícil. Para você vencer o desafio da álgebra e da geometria você precisa saber de aritmética.

Eu não sei o motivo, mas colocam na nossa cabeça que quem gosta de matemática não gosta de português e vice-versa. E o engraçado é que a gente leva isso para outras áreas da vida. Como no esporte.

Vamos pensar em exemplos na natação. Quem nada bem o Crawl, também nada bem qual outro nado? E quem nada Costas? E o Peito – o nadador que é bom em Peito é bom em algum outro nado? Possivelmente surgiram um conjunto de regras pré-estabelecidas na sua cabeça.

Na minha aparece que quem nada bem Crawl pode nadar bem o Costas e o Borboleta. Quem nada bem Peito e Costas só fica nesses nados. Não sei de onde saem essas coisas, mas não fazem sentido.

Infelizmente se tem a ideia de que a aprendizagem, seja ela cognitiva ou motora é fruto de uma habilidade natural do aluno e não do processo de aprendizagem. Entretanto, precisamos entender que quando nós temos uma habilidade “natural” para alguma coisa nós tendemos a nos dedicar mais a ela. Como consequência, ela se desenvolve mais.

Por outro lado, quando temos dificuldade ou achamos que somos ruins em alguma coisa, nós tendemos a não praticá-la. Ou seja, ficamos cada vez piores. Com a matemática-português é assim. E com os nados formais também.

Eu estou falando de aprendizagem, não de ganhar o prêmio Nobel de economia, entrar para a Academia Brasileira de Letras ou ser medalhista olímpico.

Tudo bem, mas vamos voltar ao português. Na nossa língua, ao longo dos anos, também aprendemos as coisas aos poucos. Aprendemos as palavras e o significado delas. Depois formulamos frases. As vezes até repetimos algumas expressões, sem saber exatamente o que elas significam (as crianças fazem isso com muita frequência). Depois parágrafos e finalmente textos.

Essa caminhada da aprendizagem leva anos. Eu acho que só aprendi realmente como escrever na época mestrado – ou pelo menos que tomei consciência do processo da escrita. E não foi necessariamente porque alguém me ensinou, mas porque eu aprendi.

De qualquer maneira, a minha base da educação básica (ou a falta dela) influenciou esse processo. Ou seja, minhas experiências anteriores de aprendizagem, que nem me lembro mais, influenciaram a minha capacidade de escrita na idade adulta. Mas isso não significa que eu não aprendi nada depois de adulto – muito pelo contrário! 

Quando falamos da aprendizagem da natação nós deveríamos ter o mesmo raciocínio. A construção da técnica, da melhor maneira de se movimentar na água é fruto de anos de treinamento/aprendizagem. E podem acontecer aperfeiçoamentos na idade adulta!

E da mesma maneira, existem habilidades motoras básicas que devem (ou podem) ser desenvolvidas na água antes do ensino da técnica geral. E só depois da técnica geral nós deveríamos ensinar a técnica específica – e que mesmos assim, ainda será especializada ao longo dos anos.

Além disso, se elevarmos essa exigência do “saber nadar” para o saber nadar mais rápido do que os outros, esse processo requer ainda mais tempo.

Entretanto, o que vemos na prática é um processo no qual a fase de Adaptação ao Meio Aquático (AMA, geralmente oportunizada nos primeiros contatos do indivíduo com o ambiente aquático) dura cerca de algumas semanas e o ensino da técnica básica dura alguns meses. Logo que esse padrão básico é ensinado, se busca a todo custo, um padrão motor típico dos nadadores adultos e especialistas.

Outro dia um colega me enviou a postagem de um professor de natação que se orgulhava do aluno dele de 5 anos já nadar os quatro nados com “perfeição”. Isso tem necessidade? O que ele considera nadar com perfeição?

Como resultado, temos nadadores de 11-12 anos especialistas em provas de 50 m livre (e mesmo que fosse qualquer outra prova, como os 100-200 m Peito) porque o treinador e os pais, com sua bola de cristal, percebem no nadador melhor desempenho nessas provas.

Como consequência, se o nadador não abandonar a natação precocemente, teremos uma formação de 10 anos baseada na especialização. Dos 10 aos 20 anos (se durar tanto tempo) o treino é para uma prova e distância específica.

Me desculpe, mas não é esse o caminho que a literatura prega e o que eu acredito.

Objetivo

Nesse texto o meu objetivo é discutir sobre o ensino da técnica da natação na proposta de treinamento em longo prazo.

Esse assunto é importante para que possamos discutir o processo de ensino da técnica na natação. Porém, mais do que isso, o ensino da técnica dentro de um programa de treinamento em longo prazo. Programa que valoriza o ensino da técnica para resolver, agora, problemas de formação e, no futuro, do desempenho esportivo.

Tópicos de Discussão

Para que possamos fazer essa discussão eu dividirei o meu  texto em quatro partes. Na primeira eu escreverei sobre o que é a técnica na natação. Na segunda sobre quais são os conteúdos técnicos de ensino da natação. Nós veremos que não é por falta de conteúdo que o processo de aprendizagem deve ser tão breve.

Na terceira parte eu apresentarei o que defende a proposta do treinamento em longo prazo. Nós precisamos entender o que é essa proposta, essa filosofia de formação de atletas. Finalmente, na quarta parte, eu apresentarei uma proposta de ensino de habilidades motoras e da técnica da natação dentro da filosofia do treinamento em longo prazo.

Parte 1 - O que é a técnica em natação

A primeira coisa que nós precisamos entender é que o desempenho esportivo é multifatorial. E mais do que isso, o processo de formação de um atleta também. Esse é um processo complexo e que depende de fatores esportivos e não esportivos.

Dessa maneira, por mais que se reconheça a importância da técnica no desempenho esportivo, existem muitos outros fatores, diretos e indiretos, que farão o seu atleta chegar lá. E mais ainda, que o farão vencer.

Percebam que são muitos pontos que por vezes desconhecemos ou damos pouca importância – eu citarei alguns:

  1. Apoio familiar: como a família percebe a participação do jovem no esporte? Essa participação tem importância no seio familiar ou é motivo de desaprovação e perda de tempo?
  2. Condição financeira atual e retorno financeiro almejado: participar do esporte pode oportunizar retorno financeiro que está dentro das expectativas do jovem e da família? Percebam que isso é subjetivo é depende de cada caso. Ou mesmo que se venha a ganhar pouco a família tem condições financeiras de suporte ao jovem?
  3. Gestão do esporte: como o clube, uma possível associação esportiva, a federação e a confederação organizam e gerenciam o esporte? Quais oportunidades são criadas aos nadadores e treinadores? A gestão é profissional e adequada ou amadora e prejudicial ao esporte?
  4. Relevância social do esporte: como o esporte, e no nosso caso a natação, é reconhecida em nossa sociedade? É aquele esporte que muitos admiram e reconhecem como importante ou aquele que as pessoas não conseguem sequer pronunciar o nome? Uma criança pode querer fazer um esporte por ser popular ou, por outro lado, porque é pouco conhecido. Mas a tendência é que os esportes mais populares sejam vistos como mais importantes.

De qualquer maneira, apesar dessa característica multifatorial relacionada ao desempenho esportivo, não podemos negar a importância particular da técnica para o rendimento da natação. Veja o estudo do Latt et al. (2010).

O objetivo desse estudo foi analisar a relação entre o desempenho nos 100 m livre e alguns parâmetros biomecânicos, antropométricos e fisiológicos em nadadores adolescentes. Nesse sentido, 25 nadadores do sexo masculino, com idade média de 15,2 ± 1,9 anos, 5,6 ± 1,5 anos de treino e frequência de 5,6 ± 1,5 h de treino por semana foram avaliados.

O teste realizado foi o de 100 m em máxima velocidade em piscina de 25 m. Foi medido o consumo de oxigênio, velocidade de nado, frequência de braçada, comprimento de braçada e índice de braçada.

A concentração de lactato foi obtida antes e após o teste, no terceiro e quintos minutos para estimar a acumulação de lactato. O custo energético foi estimado a partir do consumo de oxigênio e pelo valor equivalente de energia do lactato sanguíneo.

A antropometria se baseou nas medidas de estatura, massa corporal e envergadura. A composição corporal foi medida por meio do DXA.

Os resultados indicaram que a variabilidade no desempenho nos 100 m livre pode ser explicado da seguinte maneira:

I – 90,3% por fatores biomecânicos (frequência, comprimento e índice de braçada);

II – 45,8% por fatores antropométricos;

III – 45,2% por parâmetros fisiológicos.

Isoladamente o IB foi o melhor preditor do desempenho, enquanto a envergadura e a acumulação do lactato foram os melhores preditores antropométrico e fisiológico – respectivamente.

Além disso, o IB e a FB, sozinhos, explicam cerca de 92,6% na variação do desempenho. Esses resultados confirmam a importância dos parâmetros técnicos de nado quando se pretende predizer o sucesso em jovens nadadores.

Outro estudo (Morais et al., 2013) traz resultados semelhantes. O objetivo foi desenvolver um modelo de equação estrutural para o desempenho de jovens nadadores tendo como base variáveis cinemáticas, antropométricas e hidrodinâmicas.

Foram avaliados 114 nadadores (73 meninos e 41 meninas com idade média de 12,3 ± 1,0 anos) para as seguintes variáveis:

I – desempenho nos 100 m livre;

II – índice de braçada;

III – variação na velocidade;

IV – comprimento de braçada;

V – resistência ativa;

VI – envergadura; e

VII – área de superfície da mão.

A variável que melhor se correlacionou com o desempenho foi, novamente, o índice de braçada (IB). As variáveis que podem melhor predizer o IB são a envergadura, o comprimento de braçada, a resistência ativa e a variação na velocidade. Entretanto, entre essas, a melhor preditora do índice de braçada é o comprimento de braçada.

Como conclusão do estudo se destaca a importância da técnica no desempenho e a relevância desse tipo de treinamento em nadadores jovens.

Tudo bem, já deve ter ficado claro para você a importância da técnica no desempenho dos nadadores. Mas o que é técnica e o que é técnica esportiva?

Podemos entender o termo “técnica” como a maneira ou forma utilizada para se realizar uma tarefa. Considerando os processos antigos utilizados pelo homem para a produção ou para a arte, cada indivíduo resolvia as suas necessidades a partir de “técnicas próprias” (Daolio, 2008).

Entretanto, com o desenvolvimento da ciência (em seu sentido mais amplo), esses diversos processos foram estudados e foi proposta a ideia de uma técnica adequada para a realização de uma tarefa – ou seja, am melhor maneira para se resolver um problema. Entretanto, por outro lado, a ciência estudou a técnica e retirou a sua singularidade, o seu estilo (Daolio, 2008).

E mais do que isso, as tarefas, foram racionalizadas, fragmentadas e especializadas. Ou seja, se propôs a existência da superioridade de uma técnica sobre uma outra.

Surgiu a ideia de um padrão que deveria ser alcançado por todos os indivíduos para a melhor execução de uma tarefa. Todos deveriam caber no mesmo pote ou caber no mesmo espaço. Todos devem fazer o “mesmo movimento” para se chegar ao “mesmo lugar”.

Trazendo essa reflexão para dentro do esporte, se tem a ideia quase que universal de que a técnica é a única forma de manifestação do movimento tido como aceitável. Todo o nosso empenho dever ser em padronizar; aproximar o movimento que o nosso atleta faz com aquele que a ciência indica.

A partir disso são propostos os exercícios de aprendizagem; os educativos. Nesses educativos o movimento, o nado completo, é reduzido, fragmentado e mecanizado a partir da racionalização do processo de aprendizagem (Daolio, 2008).

Eu entendo que essa é uma discussão complexa e parece que até um pouco sem sentido. Eu acabei de falar sobre a importância da técnica para o desempenho na natação e agora estou defendendo a ideia de que a técnica parece ser algo prejudicial e que “limita a possibilidade de movimento”.

Entenda, dependendo de como você compreende e conduz esse processo, pode ser que sim.

Eu entendo, então, que devemos reconhecer a importância da técnica, do processo descoberto pela ciência sobre a “maneira mais adequada” de se movimentar na água.

Mas eu gostaria que vocês também entendessem que as pessoas são diferentes. Assim, é o indivíduo que precisa se adequar a técnica ou a técnica que precisa se ajustar as características do indivíduo?

Os movimentos técnicos tidos como referência foram propostos a partir de modelos adultos de atletas de elevado desempenho, e no nosso caso, de outras áreas correlatas (Knudson e Morrison, 2001).

Mas a ciência lida com a média, com o que é mais comum. E dentro desse entendimento do que é correto “na média” existe o desvio padrão – que é a variação mais comum a partir da média.

Entenda, dessa maneira, que não deve existir a perseguição a técnica perfeita, ao movimento único existente. Uma proposta muito interessante encontrada na literatura (Knudson e Morrison, 2001) é a de entendermos a técnica dentro de um espectro mais amplo do movimento considerado como correto. Nesse sentido, chegaríamos à proposta do estilo.

Perceba que o estilo não é a permissão para o movimento inadequado, mas o entendimento das particularidades do sujeito na busca do que é o ideal para ele. O ideal para ele nadar melhor e mais rápido – se esse for o caso.

Parte 2 - Conteúdos de Ensino da Natação

Agora que nós já chegamos a um acordo sobre o que é a técnica, quais são os conteúdos técnicos de ensino da natação? Eles são muitos.

Como eu já disse para você, o mais comum é que o professor queira abreviar ao máximo a distância entre o momento “nadador aprendiz” e o momento “nadador de excelente técnica”.

Há o entendimento de que se uma pessoa, sozinha, demora uma hora para fazer uma atividade; se ela tiver alguma ajuda (duas pessoas fazendo a mesma atividade), essa mesma atividade pode ser realizada em 30 minutos.

Mas as coisas não são bem assim. Algumas tarefas requerem tempo – tempo para conhecer, para repetir e, só depois, aprender. Se você treinar o dobro do tempo de outra pessoa não aprenderá duas vezes mais do que ela.

Nesse momento você pode estar se perguntando: mas por que o meu aluno precisa de tanto tempo para aprender a técnica? Eu, enquanto professor, posso fazer mais coisas, pular algumas etapas e chegar logo aonde interessa! Mas essa não é a proposta e a tendência é que não funcione.

Lembre-se que algumas coisas precisam de tempo para acontecer. Assim, o ensino da técnica também deve ser pensado em longo prazo. Esse é um longo caminho a percorrer. Ok?

Então vamos ver quais são esses conteúdos de ensino na natação.

Primeiro precisamos ter uma referência do que entendemos por natação. Não quero tornar essa discussão complexa, então vamos considerar “natação”, nesse texto, com o foco na natação competitiva. E é sobre isso que estamos falando aqui. Queremos formar nadadores competitivos.

Nesse sentido, para facilitar a nossa linha de raciocínio, vamos começar pela saída de bloco – afinal de contas esse é o momento que caracteriza o início de qualquer evento competitivo.

Resumidamente, para a saída de bloco, temos os seguintes conteúdos de ensino:

  1. posicionamento no bloco.
  2. impulsão.
  3. voo.
  4. entrada na água.
  5. deslize.
  6. ondulação ou filipina.
  7. saída para o nado.

Essa é apenas uma divisão didática daquilo que entendemos que deveria ser ensinado ao nadador. Entretanto, dentro de cada uma delas nós podemos pensar em divisões.

Para o posicionamento no bloco nós poderíamos pensar, por exemplo, no:

  1. posicionamento dos pés.
  2. posicionamento das mãos.
  3. posicionamento da cabeça.
  4. posicionamento do centro de gravidade.
  5. posicionamento (angulação) do quadril.

Faça esse raciocínio para todas as outras fases da saída de bloco. E faça esse raciocínio também para os outros fundamentos técnicos, que determinarão quais são os conteúdos de ensino da natação.

Para o nado propriamente dito, eu tenho defendido o ensino dos seguintes conteúdos:

  1. pernada (e posição corporal).
  2. braçada (e posição corporal).
  3. rolamento do corpo (para os nados Crawl e Costas).
  4. coordenação braço-perna.
  5. respiração específica.
  6. coordenação braço-perna-respiração.

Mais uma vez eu lembro que essas fases se dividem em subfases e que cada uma delas são diferentes entre os nados. Eu só apresentei uma proposta geral, mesmo assim, já é muito para a maioria do que os professores têm de entendimento do que deve ser ensinado.

Nós temos também a virada. Infelizmente a virada e a saída de bloco são dois fundamentos técnicos que os professores consideram que só devem ser ensinados para nadadores competitivos. Eu considero isso um erro.

O nadador pode iniciar a sua jornada em uma academia ou clube que não tenha pretensões competitivas. Entretanto, pode ser que esse nadador tenha outros interesses no futuro e venha a ingressar na natação competitiva. A não aprendizagem desse fundamento pode ser um problema por algum tempo.

Assim, para a virada nós teríamos:

  1. aproximação da borda.
  2. toque na parede (Peito e Borboleta).
  3. giro (Peito e Borboleta) ou cambalhota (Crawl ou Costas).
  4. impulsão.
  5. ondulação ou filipina.
  6. saída para o nado.

Terminando a sequência, temos a chegada. Aqui os fundamentos são:

  1. aproximação da borda
  2. toque na borda.

Como se não bastasse, temos as provas de revezamento e medley. Guilherme, mas no caso do medley os nados não são os mesmos? Isso é verdade. Mas há algumas adaptações na virada e a maneira como cada nado será realizado é um pouco diferente.

Resumidamente, então, nós temos esses fundamentos apresentados. Agora vamos multiplicar isso mais ou menos por quatro, já que são quatro nados competitivos. Vamos considerar também que existem as provas individuais, de revezamento e medley.

E ainda tão importante, que existem diferentes distâncias competitivas. Não se nada os 50 m peito da mesma maneira que se nada os 200 m Peito. A forma como a técnica será manifestada, o tempo dos movimentos, é diferente. Também não se nada os 50 m livre da mesma maneira que se nada os 400 m livre.

E para esse “diferente nadar” nós podemos pensar não só no nado propriamente dito, mas também nas ações da saída, da virada e da chegada. Em algumas distâncias competitivas se ondula mais após a virada; em outras, nem tanto.

Vejamos um exemplo: o que se sabe, para os nadadores adultos, é que com a diminuição da distância competitiva, a fase de alongamento de braçada se torna menor ou é inexistente. Por outro lado, para os nadadores jovens nadando Crawl a realidade é diferente. Ou seja, mesmo entre os jovens há uma tendência de se fazer uma braçada mais alongada. Então, ainda chegamos à conclusão de que os jovens não nadam como os adultos.

Ou seja, o que exatamente devemos ensinar como conteúdo técnico para o nosso nadador ser mais rápido? Devemos pensar isso para uma categoria e para o desenvolvimento entre as categorias.

Perceberam que é uma tarefa complexa que extrapola a simples ideia de pegar a prancha e se deslocar de um lado para o outro da piscina sem qualquer objetivo e sem a supervisão do treinador.

Parte 3 - Treinamento em Longo Prazo

Tendo o entendimento do que é a técnica, da sua importância para a natação e da complexidade do seu processo de ensino ao longo das categorias, vamos discutir agora brevemente sobre o que é treinamento em longo prazo.

Eu acredito que vocês conhecem esses atletas listados abaixo:

I – Michael Phelps: participação em cinco edições dos Jogos Olímpicos, 28 medalhas; sendo 23 ouros, três pratas, dois bronzes, 37 recordes mundiais.

II – Usain Bolt: participação em quatro edições dos Jogos Olímpicos, chegou a ter nove medalhas, mas uma foi devolvida porque um dos seus companheiros de revezamento foi pego no doping.

Talvez sejam os dois maiores atletas Olímpicos da atualidade, apesar de já estarem aposentados. Entretanto, se olharmos para trás, são duas carreiras construídas a longo prazo, por mais fenomenais que sejam.

Na primeira participação Olímpica do Phelps, em Sydney (2000), ele tinha apenas 15 anos e nadou os 200 m Borboleta. Bolt participou pela primeira vez com 17 anos em Atenas (2004) nos 200 m rasos.

Como resultado dessa primeira participação temos que o Phelps ficou na quinta colocação, entre 46 atletas na prova de 200 Borboleta. Ele era o atleta mais jovem. Já o Bolt nem chegou a final. Ficou em 34º lugar entre 54 corredores. Era o mais jovem e o único com menos de 18 anos.

Hoje, depois de vermos a carreira desses dois atletas, podemos ter a impressão de que isso era esperado e seguiu um fluxo normal das coisas. Não tinha como ser diferente, você poderia pensar. Eles foram para os JO com pouca idade, já eram fenomenais! Por mais que isso possa parecer lógico, previsível e normal, é um grande engano pensar assim. É uma falácia.

Ninguém poderia prever que isso aconteceria. Os dois poderiam ter se sentido frustrados e desistido. Ou poderiam ter feito qualquer outra coisa da vida. Quantos outros atletas excepcionais surgiram e desapareceram nesse mesmo período. Além disso, você deve se lembrar de alguns momentos conturbados da carreira do Phelps, mesmo depois de já ter participado dos JO.

O processo de Treinamento em Longo Prazo pode ser entendido como o período de 10-15 anos que envolve a formação do atleta – da sua infância até a idade adulta. Essa proposta de tempo é geral, não é específica para a natação, mas serve como uma referência.

Também devo destacar que estou falando de processo de formação. Nesse sentido, esse processo é dividido em diferentes fases e momentos com objetivos diferentes. De qualquer maneira, apesar dessa ideia geral das fases, elas devem servir como referência na condução dos propósitos do treinamento.

Como eu já disse para vocês também, o desempenho esportivo e o processo de formação são complexos. Não tenha a ilusão de que o conhecimento e o controle de uma variável será o suficiente. São muitas variáveis e influências que direcionam a vida do atleta.

Nesse sentido, a técnica é mais uma das variáveis que influencia no desempenho esportivo. Eu estou dando maior importância a ela pois esse é o nosso foco de discussão.

Dentro da proposta mais atual de treinamento em longo prazo, o seu objetivo deve ser o de (i) maximizar o desempenho de atletas “considerados talentosos” e (ii) formar e manter fisicamente ativo qualquer jovem (independentemente da sua idade e nível de habilidade esportiva) (Lloyd eet al., 2015).

Abrindo um parêntese rapidamente, a ciência já mostrou que entre os atletas jovens o desempenho excepcional pode ser fruto de maturação e especialização precoce. Então não se iluda achando que o nadador de 11 anos que hoje “de forma natural” ganha tudo será aquele que chegará aos Jogos Olímpicos.

Não tenha essa ilusão porque pode haver cobrança excessiva e precoce nesse nadador e falta de atenção aos outros nadadores que, nesse momento, são considerados ruins, mas que na verdade são “os normais” da história. Estão no tempo certo ou mesmo um pouco atrasados. Mas isso não significa que não possam chegar lá depois.

Além disso, diversos estudos têm mostrado que a idade dos nadadores finalistas em Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos aumentou em quase todas as provas competitivas. O desempenho máximo acontece na idade adulta e ser campeão nas categorias de base não é um pré-requisito.

Dentro desse processo de formação nós devemos entender a importância que damos a participação em competições. Essa importância é geralmente demasiada – seja por parte dos treinadores, clubes ou pais.

Inicialmente a competição, se for importante, deve ter caráter formativo. Não deve ser o objetivo máximo de cada etapa do processo de formação. Além disso, como se pensa em longo prazo, a participação em competições não deve ser o motivador para mudar toda uma filosofia de trabalho e estrutura de treinamento.

Quando o foco é na competição, é no vencer, os estímulos de treinamento e a especialização do treino são modificados para atender a essa necessidade. Entretanto, o objetivo deve ser na formação. Nesse sentido, os estímulos de treinamento e o grau de especialização do treino devem ser modificados para atender a essa necessidade.

Existem várias propostas e discussões sobre o TLP na literatura. De qualquer forma, o que há de comum entre eles (Lloyd et al., 2015):

  1. O foco deve ser na aprendizagem e não no resultado no curto prazo. Ou seja, o objetivo não é vencer a competição.
  2. Oportunize uma variedade de experiências as crianças. Os “jovens nadadores” devem gostar de ir a aula de natação e a natação não deve se resumir aos nados formais.
  3. De qualquer forma, se reconhece a importância da aprendizagem dos movimentos específicos do esporte. Esses movimentos devem ser ensinados com qualidade. Não é para “passar a série” e esquecer do nadador. O exercício educativo, por si só, não resolve o problema da aprendizagem.

No estudo de Lang e Light (2010) eles avaliaram a proposta adaptada de um modelo de divisão dos anos de treinamento dentro de uma estrutura de TLP. Esse modelo foi empregado pelos clubes filiados a Federação Inglesa de Natação.

Esse modelo, chamado de O Caminho do Nadador, iniciado em 2003 parece ter contribuído com o melhor desempenho da natação Inglesa nos Jogos Olímpicos da China. Eu recomendo a leitura do artigo. De qualquer maneira, as duas principais críticas apontadas são a aparente pouca importância dada ao ensino da técnica e ao elevado volume de treinamento dentro dessa proposta de TLP. Ou seja, ainda há algo que precisa ser melhorado.

Parte 4 - O ensino da técnica da natação no TLP

Como existe na literatura a crítica da falta de uma proposta mais concreta do ensino da técnica da natação no TLP, eu vou ousar fazer uma reflexão com vocês.

De qualquer maneira, antes de começarmos, precisamos entender uma coisa. As propostas de TLP devem ser entendidas como um plano, como uma filosofia de trabalho. Por mais que existam argumentos baseados em estudos científicos, há a presença de conhecimento empírico.

Além disso, seria impossível prever todas as diferentes situações que podem acontecer, pensar em todas as particularidades e transcrevê-las em um único documento. Assim, o mais importante é considerar as características do seu nadador – independentemente do momento que ele se encontre dentro do TLP.

Mais uma vez eu reforço a importância da técnica para o desempenho. Lembro também que essa técnica especializada é construída sobre uma base de movimentos gerais – mesmo para a natação, que basicamente se resume a repetição de ciclos de movimento ao longo do percurso competitivo.

As discussões que apresento agora são baseadas no trabalho de Balyi, Way e Higgs (2013).

Primeira Etapa: Fundamental

A primeira etapa é chamada de Fundamental. Em inglês, de onde vem a proposta original, tem basicamente o mesmo entendimento. Entretanto, em língua inglesa fica mais fácil de se entender a ideia do FUNdamental. O FUN passa a ideia do prazer, do divertimento e da vontade de participar das aulas.

Para os meninos (6-9 anos) e meninas (5-8 anos) envolvidos nessa etapa o objetivo deve ser o ensino dos movimentos fundamentais por meio do que eles chamam do ABC atlético. O ABC atlético propõe o ensino dos movimentos com base na agilidade, equilíbrio, coordenação e velocidade.

Assim, atividades de Locomoção (andar, correr, saltar, saltitar, galopar, escorregar e outras combinações), de Manipulação (arremessar, chutar, bater, volear, quicar, rolar, agarrar, amortecer) e de Estabilidade (dobrar, alongar, torcer, girar, balançar, apoiar, iniciar e parar, equilibrar) devem fazer parte das atividades da aula. Destacando que podem ser propostas atividades dentro e fora da água.

Mesmo que a temperatura ambiente média no Brasil seja um indicador que nos aproxima da água, convenhamos que em algumas épocas do ano faz frio. Nessas épocas, como sugestão, poderíamos aumentar a quantidade de atividades fora da água, mesmo estando nas aulas de natação.

Eu entendo que para alguns pais isso possa parecer incoerente e trará a exigência de uma melhor estrutura da academia ou clube. Mas é uma iniciativa muito interessante do ponto de vista do ensino. E sinceramente, o professor deve ter condições de conversar com os pais e explicar a proposta das atividades fora da água.

Por outro lado, dentro da água, nós temos a possibilidade de desenvolver esses movimentos fundamentais por meio dos conteúdos da adaptação ao meio aquático (AMA). Mas por favor, não me venham com uma AMA de um mês! Eu já discuti muito sobre esse assunto em vídeo, textos e podcasts que estão no meu site.

Alguns dos meus alunos da graduação ainda acham estranho quando eu falo que a AMA deveria ser feita ao longo de alguns anos. Essa fase (Fundamental) começa por volta dos 5-6 anos de idade, mas a AMA pode iniciar aos 2-3 anos.

Os professores entendem que devem replicar aquilo que fizeram com eles: cerca de um mês de AMA para, o mais rápido possível, se ensinar o nado Crawl. Isso, na minha opinião, é um erro. Não deveria acontecer.

Quando isso acontece teremos professores nas redes sociais, como eu já vi, se vangloriando dos seus alunos de 5-6 anos já nadarem os quatro nados competitivos com “perfeição”. Sinceramente, há necessidade disso?

O que parece faltar ao professor é entender que também existe dentro da AMA uma progressão no ensino dos conteúdos. Os conteúdos tradicionais da (a) descoberta do meio aquático, (b) respiração, (c) flutuação, (d) sustentação, (e) deslize, (f) giro, (g) salto e (h) propulsão podem ser realizados com diferentes graus de dificuldade. Assim, serem ensinados ao longo de vários anos.

Além disso, podemos utilizar os movimentos fundamentais “encontrados” nos outros esportes (natação, polo aquático, águas abertas, nado artístico, saltos ornamentais, surf, bodysurf, caiaque, remo) e atividades aquáticas (prevenção de afogamento, mergulho) e torná-los um conteúdo de ensino das nossas aulas.

Mas, por favor, entenda! Não é para ensinar o polo aquático propriamente dito. Se você fizer isso cairá no mesmo erro de precocemente ensinar Crawl, Costas, Peito e Borboleta. Mas você pode propor exercícios com bolas menores que envolvam lançamento e recepção!

Você pode propor exercícios variados de sustentação do corpo. Pode ensinar a subir em uma prancha e a remar. Você não está ensinando a surfar! Na verdade, você só precisa de um tapete de EVA.

Segunda Etapa: Aprender para Treinar

A etapa do Aprender para Treinar vai dos 9-12 anos para os meninos e dos 8-11 anos para as meninas. Agora, para a técnica, devemos focar no ensino das habilidades técnicas gerais de uma variedade de esportes.

Dessa maneira, aqueles movimentos fundamentais, de habilidades gerais, se aproximarão mais dos movimentos esportivos – mas ainda dentro de uma preocupação geral.

Os autores (Balyi, Way e Higgs, 2013) sugerem a experiência em cerca de quatro esportes – alternados entre as temporadas e não ao mesmo tempo, para que o aluno tenha uma vivência ampla.

Os autores não destacam quais são esses esportes, mas se pensarmos na realidade brasileira, dificilmente conseguiríamos propor atividades de basquete na “aula de natação”. Os alunos teriam que ter aulas de iniciação esportiva.

De qualquer maneira, nesse sentido, temos uma ampla variedade de possibilidades de “ensino dos esportes” dentro da própria piscina. As atividades de AMA podem se tornar mais complexas e dentro de uma proposta que eu chamo de combinada e combinada-complexa. Em paralelo, estaremos desenvolvemos experiências de prevenção de afogamento.

Eu não tenho certeza se esse meu aluno será um nadador competitivo e muito menos se será um atleta de elevado desempenho. Isso precisa estar claro para mim. Entretanto, possivelmente ele irá a piscina e a praia nos seus momentos de lazer. Assim, alguns desses conhecimentos serão uteis para a vida dele – mesmo que fora do esporte.

Pensando especificamente nos esportes, há boas experiências que podemos oportunizar na água: natação, polo aquático, saltos ornamentais, águas abertas e nado artístico.

Eu também acredito que seria difícil ensinar esses esportes unicamente em diferentes momentos. Mas nada nos impede que tenhamos a experiência variada nesses esportes ao longo das aulas. É só questão de planejamento.

Além disso, essa experiência permitirá uma melhor escolha do esporte que ele gosta e que acredita que terá maior sucesso na idade adulta – já que o foco da nossa discussão é unicamente na formação do atleta.

Outro ponto interessante é que caso, no futuro, o “nadador” opte em mudar de esporte, as experiências adquiridas permitirão essa transição.

Terceira Etapa: Treinar para Treinar

A terceira etapa é a Treinar para Treinar. Vai dos 12-15 anos para os meninos e 11-14 anos para as meninas. Agora, a técnica geral que foi adquirida na etapa anterior começa a ser refinada e especializada ao longo da sua duração.

A sugestão da prática de dois esportes por temporada (mas que talvez dentro da nossa realidade ocorra de forma concomitante) permitirá naturalmente o aumento do tempo de treinamento em cada uma delas.

De qualquer maneira, em função da variedade de nados, a natação, por si só, já poderia ser o suficiente. De qualquer maneira, momentos de experiência em outros esportes ajudam a romper a monotonia da aula/treinamento.

Continuamos, então, com a proposta dos próprios esportes aquáticos como foco de ensino para criar essa variabilidade de experimentação e de aprendizagem. Vamos supor que o foco do clube seja na formação de atletas de natação. Nesse caso, os outros esportes ajudariam na formação de uma base motora ampla de experiências dentro da água.

Aqui poderíamos ter, por exemplo, a oferta da natação associada ao polo aquático; ou da natação associada com águas abertas. De qualquer maneira, também entenderemos a natação como a prática ampla de todos os nados competitivos.

Quarta Etapa: Treinar para Competir

Na etapa do Treinar para Competir, os nadadores já estão com 15-18 anos e as nadadoras com 14-16 anos. Aqui o foco é a especialização máxima – ao longo da duração da etapa.

A tendência é que o atleta se especialize na prova que apresenta melhor desempenho (nado e distância). A técnica deve se ajustar para atender a necessidade dessa prova que o atleta se especializará.

O foco do ensino da técnica é proporcionar a especialização do atleta para a prova competitiva. Nesse sentido, o atendimento as particularidades dos atletas se tornam ainda mais importante e a discussão anterior entre técnica e estilo se tornará evidente.

Quinta Etapa: Treinar para Ganhar

Finalmente, agora que os homens já têm mais de 18 anos e as mulheres mais de 16 anos, o foco do treinamento deve ser no Treinar para Ganhar. Nesse sentido, a técnica é moldada para a especialização máxima.

O treinador deve conhecer quais são as necessidades do evento competitivo, as características/necessidades do atleta e o que fazer para que ele atenda a essas necessidades.

Sexta Etapa: Aposentadoria

Depois de toda essa jornada esportiva, o atleta se aposenta. O foco aqui é na manutenção da atividade física voltada para a saúde. Pode ser que o atleta venha a participar de competições oficiais ou não oficiais, mas isso fica a escolha dele.

Conclusão

Para concluir essa discussão eu gostaria de apontar que:

  1. Nós podemos entender a técnica como a melhor maneira de resolver um problema motor. Entretanto, precisamos lembrar das diferenças individuais que farão com que não exista um movimento único e restrito a ser alcançado. Nós devemos procurar algo próximo do estilo.
  2. A teoria do treinamento em longo prazo defende a ideia de que existem momentos para a construção da carreira esportiva. E essa carreira deve ser pensada em longo prazo. Objetivos em curto prazo (competição e vencer para as crianças) não podem ser mais importantes do que o próprio processo de formação. Pensando especificamente na técnica, nós começaremos com uma proposta geral de AMA, passaremos para o ensino geral da técnica esportiva, pela especialização e pela especialização máxima que atenda às necessidades do evento competitivo na natação.
  3. Finalmente, lembre-se que você é um formador de atletas. Entenda a sua função dentro de um programa de Treinamento em Longo Prazo. Se for ensinar a treinar, cumpra essa missão e respeite as características desse momento. Se for ensinar a treinar para ganhar, que assim o seja.

Guilherme, eu gostei da proposta que você apresentou, mas ela é muito distante daquela que encontramos nos clubes. Nesse caso, cabe ao treinador explicar e convencer os envolvidos sobre essa proposta.

Só justificaria não tentar se o atual modelo atendesse plenamente as necessidades dos atletas e do esporte. Ele atende? Acredito que não. Então, a tentativa é válida.

Sugestão de leitura

BARBANTI, V. Formação de Esportistas. Manole, 2005.

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