Síndrome do Overtraining
Mesmo que seus atletas nunca tenham passado por um quadro de excesso de treinamento, possivelmente você, treinador, já leu algo sobre a Síndrome do Overtraining (Síndrome do Sobretreinamento).
A Revista Go Outside do mês de julho (ed. 120, julho 2015) apresenta uma longa matéria sobre a temática. Vale a leitura. Apresentarei abaixo alguns pontos que achei importantes. Ao final indicarei alguns artigos científicos que tratam sobre o assunto:
- O overtraining é mais comum em atletas de provas de longa duração. A matéria da Go Outside trata mais especificamente dos ultramaratonistas. Entretanto, cita também os triathlons de longa distância.
- Entre algumas alterações que o atleta sente está a piora rápida no desempenho, dificuldade em dormir, fome constante (ou falta de apetite) e alterações psicológicas.
- Ocorre por um desequilíbrio entre o treinamento e a recuperação.
- Devido ao grande aumento de atletas em provas de longa distância e, muitas vezes, a ausência de um treinador, o overtraining tem se tornado muito comum. De qualquer forma, pode ocorrer mesmo naqueles atletas que tem seu treino periodizado. Isso porque as respostas ao treino são muito individuais.
- Alguns atletas, até então pessoas comuns mas com razoável desempenho em provas longas, muitas vezes são “selecionados” por empresas ligadas ao esporte. O indivíduo muda de atleta amador para profissional. Com isso, o aumento do volume de treinamento (muitas vezes descontrolado) e a exigência de rendimento esportivo. Entretanto, nem sempre treinar mais é a melhor solução.
- Ainda é importante destacar que apesar do aumento no número de praticantes nestas modalidades de longa duração, o círculo ainda é muito restrito – o que cria maior oportunidade de obtenção de índice para competições mais fortes. Muitos atletas sentem-se, então, obrigados a treinar cada vez mais.
- O problema é que atletas de elevado desempenho precisam constantemente superar seus limites. Além disso, o “vício no exercício” dificulta o atleta a aceitar a importância dos momentos de recuperação. Treina-se duro, mas se o desempenho não melhora, busca-se treinar mais duro ainda. Quando na verdade o corpo precisava de descanso.
Até a próxima e bons treinos.
Prof. Guilherme Tucher (tucher@guilhermetucher.com.br)
Sugestão de leitura:
HARTMANN, U.; MESTER, J. Training and overtraining markers in selected sport events. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 32, n. 1, p. 209, 2000.
HEDELIN, R.; KENTTÄ, G.; WIKLUND, U.; BJERLE, P.; HENRIKSSON-LARSÉN, K. Short-term overtraining: effects on performance, circulatory responses, and heart rate variability. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 32, n. 8, p. 1480-1484, 2000.
KREHER, J. B.; SCHWARTZ, J. B. Overtraining Syndrome A Practical Guide. Sports Health: a Multidisciplinary Approach, v. 4, n. 2, p. 128-138, 2012.
LEHMANN, M.; FOSTER, C.; KEUL, J. Overtraining in endurance athletes: a brief review. Medicine & Science in Sports & Exercise, 1993.
LEHMANN, M.; GASTMANN, U.; PETERSEN, K.; BACHL, N.; SEIDEL, A.; KHALAF, A.; FISCHER, S.; KEUL, J. Training-overtraining: performance, and hormone levels, after a defined increase in training volume versus intensity in experienced middle-and long-distance runners. British Journal of Sports Medicine, v. 26, n. 4, p. 233-242, 1992.
MACKINNON, L. T. Overtraining effects on immunity and performance in athletes. Immunology and Cell Biology, v. 78, n. 5, p. 502-509, 2000.
MEEUSEN, R.; DUCLOS, M.; FOSTER, C.; FRY, A.; GLEESON, M.; NIEMAN, D.; RAGLIN, J.; RIETJENS, G.; STEINACKER, J.; URHAUSEN, A. Prevention, diagnosis, and treatment of the overtraining syndrome: joint consensus statement of the European College of Sport Science and the American College of Sports Medicine. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 45, n. 1, p. 186-205, 2013.
MORTON, R. Modelling training and overtraining. Journal of Sports Sciences, v. 15, n. 3, p. 335-340, 1997.
WINSLEY, R.; MATOS, N. Overtraining and elite young athletes. 2011.