Guilherme Tucher Sport Science, Swimming and Water Polo
Veja essa matéria que saiu recentemente (08/01/2024) no site do G1.
Eu levantei essa discussão no meu perfil do Instagram.
QUAL É A OPINIÃO DE VOCÊS?
Essa é a minha opinião:
Na EEFD/UFRJ eu ministro uma disciplina chamada Aplicação Pedagógica da Natação. Nessa disciplina discutimos a elaboração do projeto pedagógico de uma Escola de Natação (clube, academia, projeto social).
Dentro dessa proposta temos a intenção de racionalizar o processo de ensino, tornando-o mais adequado aos alunos. Além disso, é importante entender que alguns conteúdos desenvolvidos em um nível não são necessariamente desenvolvido em outros. Ou seja, há uma progressão no ensino de conteúdos motores, cognitivos, sociais e emocionais ao longo dos diversos níveis.
A maneira mais fácil de organizar os aprendizes nesses níveis de aprendizagem é a idade. Todavia, sabemos que é um critério um tanto quando grosseiro – mas ainda é o mais comum, porque crianças da mesma idade, de uma maneira geral, reúnem características que são próximas. Qualquer outro critério, como desenvolvimento motor, cognitivo, experiências etc destacam ainda mais a diferença entre os alunos.
Ou seja, não existe um critério perfeito, porque nós somos naturalmente diferentes.
Por isso a avaliação diagnóstica (ou de nivelamento) é importante. Nela o professor poderá conhecer um pouco mais do aluno e direcioná-lo ao que é melhor para o seu processo de aprendizagem. Assim, podemos ter alunos de 10 anos com outros de 8; e até mesmo alunos de 4 anos com outros mais velhos. A ideia é que se guardem mais semelhanças do que diferenças. Mas as diferenças sempre existirão. Sempre.
Se esse é o processo que a Escola de Natação utiliza para todos os alunos, eu entendo que é o correto. Na minha percepção, parece que foi isso que aconteceu.
— Outos pontos que são importantes de destacar:
1 – Pela idade da criança e pela experiência que aparenta ter (o pai ainda precisa segurá-la para passar sob a onda) ela está na etapa de Adaptação ao Meio Aquático (AMA). Ou seja, precisa aprender a estar no ambiente aquático – o que é super normal. Isso acontece por meio do ensino de diversos conteúdos, alguns mais simples – que ela pode já saber, e outros mais complexos e muitos específicos, geralmente só aprendidos de forma direcionada (ou seja, numa aula). Por isso os níveis de aprendizagem são importantes.
É na AMA que ensinamos os movimentos fundamentais do ambiente aquático. A literatura sugere que os movimentos fundamentais (fora da água) sejam ensinados entre os 2/3 e 6/7 anos. Considerando que o “estar na água” é algo mais complexo, tenho sugerido que o ensino da AMA continue por mais tempo.
2 – O questionamento feito pela sra. Paula Ramos é super importante: se fosse outra criança sem síndrome de Down o procedimento seria o mesmo? A resposta correta deveria ser SIM. Acredito que esse também seja o posicionamento da academia.
Já tive vários alunos adultos que fizeram AMA com crianças. O ideal seira que posse uma turma só de adultos de AMA, mas não havia disponibilidade de horário e os adultos não se importaram. Também já tive diversos alunos de 10-12 anos que aprendiam os nados junto com adultos. Não há problema nisso, pois para a aula, guardam mais semelhanças do que diferenças.
3 – O risco de afogamento sempre existe. Sempre e em qualquer idade. Entretanto, com as criança esse risco é maior, exigindo uma maior e melhor supervisão dos adultos (nesse caso o professor).
4 – Por melhor que seja o desenvolvimento motor da criança fora da água, isso não se refletirá dentro da água. É um ambiente completamente diferente. Muda a forma de respirar, a percepção corporal o equilíbrio, os sentidos, a audição…
5 – Quando a Escola de Natação tem bem definidos os seus níveis de aprendizagem é comum se fazer o que foi indicado. O aluno começa em um nível para aprender algo que está pendente e depois é transferido para um outro nível.
De qualquer maneira, qual é a opinião de vocês?