Anterior

Estratégias para o Planejamento e Aplicação de Treinos em Nadadores Masters

Agora no mês de outubro/24 eu estive no Encontro Internacional de Natação, na cidade de São Paulo.

Se você participou do curso, obrigado pela sua presença. Como prometido, ao final do texto você encontra o link para baixar o PDF da minha apresentação e a planilha em Excel.

O texto é uma ótima oportunidade para você relembrar alguns pontos que foram discutidos. Se você não pode estar presente, essa é uma ótima oportunidade de ter contato com uma parte do material.

E se você assina o meu canal do YouTube, vai lá que tem um vídeo exclusivo para você.

Introdução

Trabalhar com nadadores masters pode ser desafiador, especialmente quando os alunos têm diferentes objetivos e níveis de desempenho. Muitos treinadores encontram dificuldade em planejar treinos que atendam às necessidades específicas desse grupo.

A pergunta que fica é: quantos de vocês já enfrentaram essa dificuldade? E, mais importante, quais são essas dificuldades? Talvez seja interessante refletir e listar esses pontos. Eles podem te ajudar a melhorar.

É comum que, na natação master, a variação no nível de aprendizado, idade e domínio dos nados, juntamente com as expectativas dos alunos, torne o planejamento e a aplicação do treino desafiadores. É exatamente isso que buscamos solucionar com as estratégias apresentadas aqui.

Este texto apresenta estratégias para a elaboração e implementação de treinos de alta qualidade para nadadores masters, visando auxiliar professores e treinadores a lidar com as particularidades deste público.

1. Zonas de Intensidade do Treinamento

O desempenho de qualquer nadador depende de uma combinação entre condicionamento físico e técnica. No caso dos nadadores masters, partimos do princípio de que eles já possuem uma boa técnica, então nosso foco passa a ser a melhora do ambiente fisiológico.

Para isso, a literatura propõe diferentes zonas de intensidade, que variam entre aeróbicas a anaeróbicas. Um estudo recente sugere que essas zonas podem ser determinadas com base na cinética do consumo de oxigênio e nas respostas fisiológicas como frequência cardíaca e lactato. A ideia principal é identificar a velocidade de nado correspondente ao limiar anaeróbico do nadador e, a partir daí, conhecer o que é “nadar fraco” e o que é “nadar forte”.

Essa informação é fundamental para criar séries de treinamento que desenvolvam as capacidades aeróbicas e anaeróbicas de maneira eficiente. Nesse contexto, a utilização de métodos de treino contínuo e intervalado são adequados, dependendo do objetivo específico da sessão.

2. Modelo de Aula/Sessão

Dentro de uma aula ou sessão de treinamento, existe uma ordenação ideal dos estímulos para garantir o máximo proveito do treino. Estímulos que envolvem capacidades coordenativas, técnicas, de força e velocidade devem ser priorizados no início da sessão, enquanto os estímulos de resistência anaeróbica e aeróbica são trabalhados posteriormente.

A quantidade de estímulos varia conforme a fase do treinamento e a frequência semanal de treinos. Se o aluno treina poucas vezes na semana, é importante combinar diferentes tipos de estímulos em uma mesma sessão.

3. Proposta de Testes

Os testes são ferramentas importantes para acompanhar o progresso dos nadadores e na determinação das zonas de intensidade do treinamento. Um exemplo prático é o teste de 15 minutos, que avalia a velocidade crítica do nadador, ou seja, a maior velocidade que ele consegue manter por um período prolongado.

Além desse, vocês devem lembrar do teste de 400 metros – que pode ser usado para determinar a velocidade crítica em jovens nadadores. Embora seja mais simples, ele também fornece um bom indicador da capacidade aeróbica do atleta.

4. Planejamento do Treinamento

O planejamento do treinamento é uma etapa essencial para o sucesso dos nadadores masters. Diferente da periodização, que é um processo mais complexo, o planejamento pode ser aplicado de forma simples para aqueles que têm a natação como parte da rotina de atividades físicas.

Para começar, é preciso conhecer o nadador e identificar suas forças e fraquezas. Com base nisso, o treinamento pode ser dividido em macrociclos, que incluem fases de preparação geral e específica, de polimento e de competição. Cada fase tem seu foco específico, como o desenvolvimento da técnica, da capacidade aeróbica ou da potência anaeróbica.

Conclusão

Planejar treinos eficientes para nadadores masters exige a compreensão das zonas de intensidade e a aplicação de métodos adequados de treinamento. Com as estratégias apresentadas, você pode otimizar suas sessões de treino, garantindo resultados consistentes e de qualidade para seus alunos.

Lembre-se: conheça seu aluno, planeje suas aulas com base nas necessidades individuais e mostre a ele o caminho para a excelência.

Sugestões de leitura

BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 1. São Paulo, SP: Phorte, 2002.

BOURGOIS, J. G.; BOURGOIS, G.; BOONE, J. Perspectives and Determinants for Training-Intensity Distribution in Elite Endurance Athletes. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 14, n. 8, p. 1151-1156,  2019.

ESPADA, M.; COSTA, A.; LOURO, H.; CONCEIÇÃO, A.; PEREIRA, A. Anaerobic critical velocity and sprint swimming performance in master swimmers. International Journal of Sports Science, v. 6, n. 1A, p. 31-35,  2016.

FERNANDES, R. J.; CARVALHO, D. D.; FIGUEIREDO, P. Training zones in competitive swimming: a biophysical approach. Frontiers in Sports and Active Living, v. 6, p. 1363730,  2024.

MIRANDA, L. M. G.; VALVERDE, D. R.; CARMONA, C. D. G.; NÚÑEZ, J. J. C.; REINA, H. R. T.; MONTERO, A. R. Agreement, reliability, predictors and classification proposal of a 15´-time trial test to assess critical power in amateur swimmers. Retos: nuevas tendencias en educación física, deporte y recreación, n. 51, p. 1381-1387,  2024.

ZACCA, R.; FERNANDES, R. J. P.; PYNE, D. B.; CASTRO, F. A. D. S. Swimming training assessment: the critical velocity and the 400-m test for age-group swimmers. The Journal of Strength and Conditioning Research, v. 30, n. 5, p. 1365-1372,  2016.

MATERIAL DO CURSO

É docente no curso de graduação e no programa e pós-graduação em educação física da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na EEFD ainda é coordenador do Grupo de Pesquisa em Ciências dos Esportes Aquáticos (GPCEA).
Doutor em Ciências do Desporto (2015), Mestre em Ciência da Motricidade Humana (2008), Especialista em Esporte de Alto Rendimento (2014), em Natação e Atividades Aquáticas (2004) e em Treinamento Desportivo (2005), e Graduado em Educação Física (2003).
Docente no ensino superior desde 2005, atuou ainda como professor de natação trabalhando com diferentes níveis de aprendizagem e aperfeiçoamento, bem como treinador de natação competitiva participando de campeonatos estaduais (RJ) e nacionais.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *