Modelo de periodização em Blocos
Introdução
O termo Periodização em Blocos começou a ser usado no início da década de 80 principalmente por parte dos treinadores.
O nome fazia referência a um período de carga de treino de alta intensidade e especializada.
Cada período era composto por um elevado volume de exercícios direcionados a poucos objetivos de treino (diferentemente do modelo tradicional)(1).
Exemplos
Um dos exemplos citados por Issurin (1) refere-se ao do treinador Dr. Anatoly Bondarchuk (atletas de lançamento de martelo).
Sua proposta de periodização baseava-se em três blocos de mesociclo especializados:
- (1) bloco de desenvolvimento (onde a carga de treinamento aumentava gradualmente até o máximo);
- (2) bloco competitivo (onde a carga era estabilizada e o foco era no desempenho competitivo); e
- (3) bloco de recuperação (realização de recuperação ativa e preparação para um novo bloco de desenvolvimento). A sequência e duração destes blocos era dependente do calendário competitivo e da resposta individual de adaptação do atleta(1).
Outro exemplo citado por Issurin (1) refere-se a preparação de atletas de caiaque de alto nível.
Aqui também são considerados três blocos de mesociclo:
- (1) acumulação (desenvolvimento das habilidades básicas como resistência aeróbica geral, força muscular e técnica geral);
- (2) transformação (desenvolvimento das habilidades específicas, como resistência aeróbica-anaeróbica ou anaeróbica, resistência muscular específica e técnica específica); e
- (3) realização (considerada como uma fase pré-competitiva com foco em simular as competições, obter velocidade máxima e se recuperar para a competição).
Estes três mesociclos são combinados e formam uma fase de treino – com duração de 6-10 semanas. O quantitativo de fases formará o macrociclo anual.
O próximo exemplo citado por Issurin (1) refere-se ao do treinador de natação (oba!) Gennadi Touretski – que treinou Alexander Popov e Michael Klim (dispensam apresentações).
O treinador subdividiu o ciclo anual em fases com duração de 6-12 semanas.
Cada fase foi composta de quatro blocos de treinamento: preparação, geral, específico e competitivo.
Posteriormente essas quatro fases foram agrupadas em três:
- (1) bloco geral (foco na parte aeróbica e cargas de coordenação variada);
- (2) bloco específico (desenvolvimento das necessidades específicas de fornecimento de energia e velocidade competitiva); e
- (3) bloco competitivo (que representa hoje o chamado polimento e onde acontece a competição).
Conclusão
Finalmente, pode-se perceber que apesar das diferenças existentes entre os esportes, a proposta principal da periodização em bloco manteve-se quase idêntica (1):
- Carga de treino com pequenos objetivos a serem desenvolvidos;
- Pequeno quantitativo de blocos (3-4; enquanto na metodologia tradicional esse número ficava entre 9-11 tipos);
- Bloco de mesociclo com duração entre 2-4 semanas (que permitem as modificações necessárias para o desempenho mas sem um alto grau de fadiga acumulado); e
- A junção dos mesociclos formam uma fase de treinamento; cuja sequência favorecerá o adequado desempenho esportivo.
A teoria que sustenta o modelo de Periodização em Blocos baseia-se no “efeito acumulado do treino” e no “efeito residual do treino”.
E esse será o assunto da próxima matéria.
Até a próxima e bons treinos.
Prof. Guilherme Tucher (tucher@guilhermetucher.com.br)
Esse artigo foi publicado originalmente em 13 de março de 2014. Em função de sua relevância, foi novamente publicado em 11 de novembro de 2020
Sugestões de Leitura
1. Issurin V. New horizons for the methodology and physiology of training periodization. Sports Medicine. 2010;40(3):189-206.
Tag:Ciência, Esporte, natação, periodização, treinamento
3 Comentários
Olá Guilherme Tucher, fico feliz em ver profissionais como você, com artigos bem explicativos e objetivo, especialmente para mim um acadêmico de Educação Física, e passo aqui para parabenizá-lo pelo trabalho.
Olá, Wilkem. Obrigado pela sua visita.
Sensacional! Já vou baixar o artigo
Obrigado Prof.