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Rafaella Alves.
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9 de dezembro de 2020 às 20:36 #7693
Marcus Vinicius Peres
ParticipanteUsarei o tema proposto como exemplo porque os vídeos que o Guilherme disponibilizou foram bastante informativos e me trouxeram bastante reflexões.
Nós muitas vezes entendemos o processo de adaptação ao meio aquático como algo que deve ser passado o mais breve possível para que se possa aprender os nados formais (isso de certa forma é maioria nos trabalhos em academias e clubes). Porém, como o Guilherme costuma falar, essa etapa deve ser explorada da melhor maneira possível para que a criança/adolescente/adulto possam ter condições de permanecerem no ambiente aquático com o menor risco possível. Na live com o professor Flávio Castro, é comentado por ele que a AMA é a base para a natação recreativa/formal e para a competitiva. Sendo a base, esta, portanto, deve ser consolidada no aluno.
É citado pelo professor uma proposta de desenvolvimento da AMA, com as seguintes habilidades elencadas: desconstrução facial, apneia voluntária, visão subaquática, flutuação, respiração, sustentação, deslize, salto, giro e propulsão básica. Entretanto, através da avaliação e do conhecimento das experiências prévias do aluno, podemos dar mais ou menos ênfase em alguma(as) habilidade(s) para que esse processo de aprendizagem seja condizente com o nível de desenvolvimento do indivíduo. Como dito acima, essa é uma proposta e como qualquer proposta, pode ser modificada, repensada.
Outro ponto importante a se considerar é a crença de que somente crianças devem passar por esta fase, o que não é verdade, pois há casos e casos. Foi comentado na live já citada de que é possível que adultos ou idosos, por exemplo, que não tiveram contato durante a sua vida com o ambiente aquático (vou mais além, até mesmo os que possuem alguma fobia porém decidiram enfrentá-la) devem passar pelo mesmo processo. Cabe ao professor, portanto, direcionar os métodos e meios mais condizentes com essas faixas etárias (algumas situações podem servir para todas as idades, outras, devem ser adaptadas).
Por último, a ideia de que a AMA só prepara para a natação é algo que devemos repensar. Existem diversas outras modalidades ou exercícios dentro da água que podemos realizar e a AMA sendo a base, ela pode preparar diferentes pessoas para diferentes objetivos. O que é dito pelo Guilherme e que eu concordo plenamente, é que o ideal seria o processo da AMA contemplar a maior diversidade de modalidades/exercícios possíveis (claro, com caráter mais geral – o específico da modalidade será tratado na modalidade) para que esse aluno tenha diferentes experiências, tanto para até um possível escolha de qual modalidade seguir, quanto para adquirir a competência motora aquática.
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9 de dezembro de 2020 às 21:19 #7713
Helena Falcao Aguiar Barboza
ParticipanteOlá, Marcus Vinicius. Adorei a proposta! Algumas atividades:
Muitos idosos procuram atividades aquáticas por conta do baixo risco e baixo impacto nas articulações, mesmo não sendo muito familiarizados com piscinas. Por isso, em aulas de hidroginástica por exemplo, um bom exercício inicial é simplesmente andar pela piscina ao som de uma música animada para aquecer, se familiarizar com o ambiente e socializar. O professor pode dar diferentes comandos como andar em círculo perto da borda, andar em diferentes direções se afastando mais da borda, andar levantando os joelhos, abrindo e fechando os braços, parando em estátua quando a música parar, cumprimentando um colega próximo ao sinal do professor, pulando…
Mesmo muitas aulas de natação para crianças sendo encontradas em academias específicas e não só em escolas, a interdisciplinaridade é muito enriquecedora e deve ser trabalhada. Podemos posicionar as crianças em pé no raso uma ao lado da outra e dar vários bichinhos ou formas geométricas coloridas para eles pegarem. O professor escolhe um tema de acordo com seu material e com a faixa etária dos alunos e levanta as questões, os alunos que se identificarem terão que afundar/mergulhar e subir de volta apenas. Exemplo: mergulha os alunos que estiverem com material azul, com 4 bolinhas, com o bichinho elefante, com touca rosa… (Apneia voluntária)
Com os alunos na mesma disposição que o exercício anterior, podemos mostrar cartões com figuras, cores ou palavras debaixo d’água para eles afundarem, olharem, subirem de volta e dizerem em voz alta o que tinha no cartão plastificado.
Podemos e devemos usar e abusar da nossa criatividade para tornar as aulas dinâmicas, estimulantes e prazerosas para nossos alunos sempre
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16 de dezembro de 2020 às 9:10 #7910
Alexandre Lopes de Souza
ParticipanteMuito bom, marcus. Pegando o que você falou sobre crenças, e aí até complementando o que a Helena já disse, esse sistema de crenças as vezes até do próprio professor e dos outros a volta, supõe que um adulto saudável por exemplo, tenha que já partir dos nados formais, sendo que grande parte da população sequer teve contato com o meio aquático. Moramos no RJ, isso é mais difícil, mas nem todos trabalharemos por aqui. É bom que pensemos em diversos contextos.
Mas o que eu queria colocar sobre o sistema de crenças, baseado até o que a Helena falou, é que a Hidro ou a natação ainda são “o padrão ouro” das recomendações de médicos e até mesmo o que os pacientes mais idosos acreditam ser a única possibilidade de exercício físico que eles podem fazer. Por exemplo, na clínica onde eu trabalhava, por mais que você dissesse para o idoso que ele poderia/deveria fazer musculação, ele acreditava que aquilo ia “acabar com a artrose dele”. Nós sabemos que é o contrário, mas nem sempre você consegue mudar o sistema de crença das pessoas. É claro que nosso dever é informar, mas uma pessoa que acredita que por ter uma hérnia, ela só pode fazer qualquer coisa na água, possivelmente não vai se dar bem com outro tipo de atividade por causa da sua crença. Como você bem sabe, a dor é multifatorial, e a crença está muito ligada a isso. No ambiente aquático, só por estar ali, muitos idosos já se sentem tratados, mesmo que façam muito pouco.
Achei importante trazer parte da experiência que tive a respeito disso. E também reforçar a importância da AMA, e que ela pode não só ser utilizada como um meio que deve ser passado rápido, para um fim que seria mais importante (os nados formais). A AMA não só pode ser muito prazerosa, como pode ser o principal para determinadas pessoas.
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28 de dezembro de 2020 às 21:00 #8077
Guilherme Alvares Braz
ParticipanteConcordo com Marcos Vinicius e com a maioria das colocações postas.
O processo de adaptação ao meio aquático, na maioria dos clubes e academias, é bastante negligenciado. Geralmente, fazem uma adaptação muito rápida já preparando o nadador para aprender os nados formais. Às vezes nem mesmo há um período de adaptação para o atleta, já o direcionando para aprender os nados formais.
Não importa a idade, seja essa pessoa adulta ou criança, se ela está iniciando e nunca teve contato com a água antes, é preciso que ela passe por todos os passos necessários para que ela se adapte ao meio aquático. Ou seja, ela deve desenvolver descontração facial, apneia voluntária, visão subaquática, flutuação, respiração, sustentação, deslize, salto, giro e propulsão básica.
Uma coisa que acredito ser fundamental, é o direcionamento individualizado. É importante, sim, que todos os alunos participem juntos e se desenvolvam na atividade juntos. Porém também é importante se analisar cada indivíduo e suas necessidades e preferências na água. Os treinadores devem observar seus nadadores e perceber que cada um está em um nível diferente de progressão dentro do processo de adaptação e que cada um possui sua dificuldade e portanto fazer uma intervenção direcionada.
Outra questão que queria abordar era a importância do nadador iniciante experimentar todos os tipos de movimentos na água, seja por esportes aquáticos ou por brincadeiras, para aumentar a consciência corporal na água e o eneagrama motor. A adaptação ao meio aquático tem que ser completa e planejada a longo prazo.
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10 de dezembro de 2020 às 17:27 #7758
Marcus Vinicius Peres
ParticipanteBoa tarde, Helena. Muito obrigado pela resposta!
Sim, concordo totalmente com o que você falou: podemos e devemos usar e abusar da nossa criatividade. Acho que quanto mais amplo entendermos os conceitos, melhor será o nosso trabalho e consequentemente melhor será a experiência entregue ao aluno.
Adorei todas as sugestões de exercícios e acho que é exatamente por este caminho que devemos seguir.
Abraços!
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11 de dezembro de 2020 às 11:29 #7778
Guilherme Tucher
MestreExcelentes colocações, Marcus e Helena. Fico muito feliz com essa percepção de vocês. O caminho é esse.
Marcus, só uma correção – possivelmente o corretor ortográfico te atrapalhou. Onde você escreveu “desconstrução facial” na verdade é “descontração facial“
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11 de dezembro de 2020 às 11:38 #7782
Marcus Vinicius Peres
ParticipanteBom dia, professor. Obrigado pelas palavras!
Sim, acredito que tenha sido o corretor. O intuito era escrever “descontração facial” realmente.
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11 de dezembro de 2020 às 11:54 #7788
Guilherme Tucher
Mestre😉
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Esta resposta foi modificada 4 anos, 4 meses atrás por
Guilherme Tucher.
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Esta resposta foi modificada 4 anos, 4 meses atrás por
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16 de dezembro de 2020 às 18:53 #7930
Guilherme Tucher
MestreMuito bom, Alexandre.
Muito interessante a força que o senso comum tem na vida das pessoas. Precisamos saber lidar com isso e orientar as pessoas.
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30 de dezembro de 2020 às 11:49 #8102
Guilherme Tucher
MestreÉ isso mesmo, Guilherme. Parabéns.
Vou levantar uma questão que surgiu na turma de Fundamentos da Natação e gostaria de ler as considerações de vocês.
A pergunta é basicamente a seguinte: “devemos ensinar os nados formais mesmo que os alunos não venham a participar de competições e esse não seja o objetivo da escola de natação?”
Parece que se criou um mundo binário: ou faz AMA ou aprende os nados formais/competitivos.
O que vocês acham?
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4 de janeiro de 2021 às 17:02 #8219
Philippe Maciel de Carvalho
ParticipanteSim, devemos ensinar! É ótimo para variar o conteúdo das aulas, estimula os alunos a novas descobertas e possibilita que eles tenham uma visão diferente dos nados formais ou até mesmo um desejo de competir, visto que seria injusto esperar dos alunos alguma vontade do tipo sem que os mesmos conheça ao menos um pouco e/ou possam experimentar o aprendizado dos nados… Possibilita também o uso desses nados em futuras atividades, brincadeiras e etc…
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6 de janeiro de 2021 às 17:00 #8282
Guilherme Tucher
MestrePhilippe, isso deixa claro que muitas atividades/exercícios que conhecemos para o “fora da água” podem ser utilizados (em sua totalidade ou parcialmente) para ensinar conteúdos de ensino da natação (dentro do seu sentido mais abrangente).
O que precisamos pensar antes é “o que eu quero ensinar”? ou “o que os meus alunos devem aprender”?
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4 de janeiro de 2021 às 19:21 #8228
Alexandre Lopes de Souza
ParticipanteEu respondi no outro fórum uma pergunta praticamente idêntica, então vou até replicar aqui:
No meu modo de ver, devemos sim ensinar. Nosso papel como professor é, no momento em que nos colocamos a disposição de ensinar algum conteúdo, o de mostrar o máximo possível sobre aquilo. Se ensinamos futebol, devemos sim treinar as técnicas do futebol, ainda que não queiramos formar jogadores. Ensinando a técnica, além de mantermos as possibilidades de um dos alunos se destacar e criar interesse em ser um competidor, mostramos a forma mais eficaz de realizar o nado. Isso pode ser útil em situações no meio aquático, como também gera repertório motor para os alunos. Ao tentar realizar a técnica, o aluno tem todo o processo do aprendizado motor, e isso pode ser utilizado para outras situações que nós não conseguimos nem prever.
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1 de março de 2021 às 23:41 #9922
Rafaella Alves
ParticipanteCom certeza devemos ensinar os nados formais também, visto que os benefícios de se aprender os nados não são só visando competições. Quanto mais experiências motoras, cognitivas melhor para o aluno, principalmente se for tratar de crianças, ajudando no desenvolvimento. A diferença é apenas a dosagem da cobrança em cima da técnica. E concordo com o colega Philippe que se eles não tiverem uma vivência na área, como vão saber que querem competir?!
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4 de janeiro de 2021 às 16:38 #8218
Philippe Maciel de Carvalho
ParticipanteUma atividade que é prática, e não demanda o uso de materiais, visando a descontração facial, seria o pedra papel ou tesoura em baixo d’água… Os alunos devem jogar pedra papel ou tesoura mas com os olhos imersos em água. Uma atividade simples, facilmente ensinada caso algum aluno desconheça, estimula a interação entre os alunos e estimula as crianças a abrir os olhos em baixo d’água de forma descontraída
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1 de março de 2021 às 14:29 #9872
Guilherme Tucher
MestreExcelente.
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1 de março de 2021 às 3:02 #9812
Pedro Henrique Rocha
ParticipanteAchei super enriquecedor o comentário dos colegas sobre a importância do AMA, o qual é negligenciado algumas vezes. No entanto, alguns pontos levantados, ao meu ver, não são aplicáveis em muitos e muitos casos porque lidamos com turmas e não com um único indivíduo. Eu concordo em relação aos alunos que tem maior dificuldade ou necessidade de estender determinado conteúdo. Isso deva ser feito. Mas não vejo, dentro de uma turma, uma forma de fazê-lo sem retardar o progresso de uma parte dos alunos. Em casos assim, se o clube dispor de material humano ou estrutura, talvez isso seja possível. Fora desse contexto específico, eu não vejo como.
Em relação a pergunta do professor sobre ensinar ou não os nados formais, eu diria que eles podem ser ensinados como mais um saber a ser adquirido. No entanto, o contexto do local e a necessidade do aluno tem que ser levado em consideração numa avaliação futura e na elaboração do plano de curso.
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1 de março de 2021 às 14:31 #9873
Guilherme Tucher
MestrePedro, é o planejamento (plano de curso) que dirá se os alunos estão atrasados, no tempo correto ou adiantados. Se o planejamento não atender plenamente a realidade, precisa ser discutido e reformulado.
A questão é que a maioria dos lugares não tem planejamento. Assim, quando vemos alguns alunos “adiantados” eu questionaria: adiantados em relação a quem?
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