Aprendizagem da Natação
- Postado por Guilherme Tucher
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- Data 15 de março de 2023
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VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NA APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO
Ensinar algo para alguém não é uma tarefa das mais fáceis. Para que possamos ser mais eficientes nessa tarefa, precisamos entender que existem principalmente três aspectos que devem ser conhecidos e, na medida do possível, considerados e controlados.
As três variáveis ou aspectos que devem ser conhecidos para se melhorar a aprendizagem estão relacionadas ao (i) indivíduo, ao (ii) ambiente ou a (iii) tarefa (FERNANDES e LOBO DA COSTA, 2006).
Entretanto, apesar da importância desse conhecimento, há uma grande dificuldade em se aplicar estes conhecimentos nos programas relacionados ao ensino da natação – talvez pela existência de poucos estudos voltados ao contexto pedagógico (FERNANDES e LOBO DA COSTA, 2006).
Discutindo a primeira variável (o indivíduo), deve-se estar ciente que independentemente da existência de diferentes correntes de ensino, não se pode perder de vista que a aprendizagem depende das características singulares de cada indivíduo e estas correspondem, em parte, às experiências que cada um viveu desde o nascimento.
Lembre-se que o modo como se aprende e os ritmos das aprendizagens variam segundo as capacidades, motivações e interesses de cada indivíduo (FERNANDES e LOBO DA COSTA, 2006).
Ou seja, a maneira como se produzem as aprendizagens é o resultado de processos singulares e pessoais (FERNANDES e LOBO DA COSTA, 2006). Isso deve ser considerado pelo professor na hora da proposição das atividades e nas respostas imediatas e de longo prazo que serão apresentadas pelos alunos.
Discutindo a segunda variável (ambiente), entenda que as características do ambiente (aspectos como o local da aula, piscina funda ou rasa, rio, mar, outros), o tipo de instrução dada (demonstração, instrução verbal), o método de ensino (exploração, descoberta guiada, comando) entre outros (manipulados pelo professor) – também influenciam na aprendizagem do aluno.
Um professor mais bem formado, estudioso e motivado possivelmente oferecerá melhores condições de aprendizagem (desde que as outras variáveis estejam adequadas). E isso fará toda da diferença.
Essa atuação do professor é tão importante que, entre outras aspectos, por vezes, motiva o aluno a fazer a aula de natação. Pode ser que inicialmente o aprendiz não se identifique muito com as aulas, mas essa percepção muda por causa da maneira que o professor conduz as aulas.
Lembre-se que não podemos mudar as características e motivações do nosso aluno. Muitas vezes isso não está ao nosso alcance. Entretanto, não temos desculpas para não estudar, preparar uma boa aula e conduzi-la de forma adequada.
A última variável, relacionada à tarefa, está relacionada a atividade propriamente dita que o aluno realizará. Toda atividade é proposta com certo grau de dificuldade e em determinadas condições – que podem estar aquém, adequadas ou além da capacidade dos alunos. Precisamos oferecer atividades adequadas.
Quando propuser uma atividade, pense sobre os seguintes aspectos:
- características de espaço, direção, níveis de profundidade da piscina, planos de movimento.
- Velocidade da atividade: lento, rápido, acelerando ou desacelerando.
- Nível de esforço: alto, médio ou baixo.
- Uso e influência dos objetos: prancha, nadadeira, arco, bolas, flutuadores – facilitam ou dificultam a atividade?
- Dos relacionamentos: tarefa individual, em dupla, trios ou em grupos maiores).
Todas essas variáveis podem ser modificadas a fim de se proporcionar diversidade de experiências na água (FERNANDES e LOBO DA COSTA, 2006).
Lembre-se que qualquer mudança que afete um dos elementos da tríade indivíduo-ambiente-tarefa afetará os demais e, também, a interação entre eles – mudando completamente a forma com a atividade pode ser realizada pelo aluno durante as suas aulas de natação.
Saiba mais sobre a minha proposta de organização do ensino para a fase de AMA por meio de um curso que tenho aqui no site. Eu tenho certeza de que será um diferencial na sua atuação.
SUGESTÃO DE LEITURA
FERNANDES, J. R. P.; LOBO DA COSTA, P. H. Pedagogia da natação: um mergulho para além dos quatro estilos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 20, n. 1, p. 5-14, 2006.
FREUDENHEIM, A. M.; GAMA, R. I. R. B.; CARRACEDO, V. A. Fundamentos para a elaboração de programas de ensino do nadar para crianças. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 2, n. 2, p. 61-69, 2003.
Tag:Aprendizagem, natação
É docente no curso de graduação e no programa e pós-graduação em educação física da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na EEFD ainda é coordenador do Grupo de Pesquisa em Ciências dos Esportes Aquáticos (GPCEA).
Doutor em Ciências do Desporto (2015), Mestre em Ciência da Motricidade Humana (2008), Especialista em Esporte de Alto Rendimento (2014), em Natação e Atividades Aquáticas (2004) e em Treinamento Desportivo (2005), e Graduado em Educação Física (2003).
Docente no ensino superior desde 2005, atuou ainda como professor de natação trabalhando com diferentes níveis de aprendizagem e aperfeiçoamento, bem como treinador de natação competitiva participando de campeonatos estaduais (RJ) e nacionais.