Periodização: algumas alternativas
Na última matéria que escrevi sobre os modelos de periodização citei que, por diversos motivos, começaram a surgir algumas críticas a Metodologia Tradicional de periodização no treinamento dos atletas de elite.
Inicialmente tentou-se reformar essa metodologia.
Entre essas críticas pode-se citar a oferta simultânea de vários estímulos de treino para o desenvolvimento de várias capacidades (o que pode acarretar em dificuldade de adaptação) e a impossibilidade de atender as necessidades do esporte moderno.
Essas e outras considerações que possivelmente limitam a adoção do Modelo Tradicional de periodização no treinamento de atletas de elite são apresentadas na Tabela 1 (1).
Tabela 1. Possíveis fatores limitantes a adoção da Metodologia Tradicional de periodização por atletas de elite.
Fator | Limitações / Consequências |
Aumento no número de competições | Aumento deste tipo de estímulo durante o treinamento |
Maior estímulo financeiro aos atletas de destaque | Maior necessidade de competir e vencer |
Maior aproximação entre treinadores | Melhoria no treinamento e no desempenho dos atletas |
Controle do doping | Diminuição de sua presença no esporte de alto rendimento |
Tecnologia do esporte e métodos de treinamento | Melhora no conhecimento do processo de treinamento |
Fornecimento de energia | Falta de energia suficiente para a realização de exercícios diversificados |
Adaptação celular | Cada estímulo oferecido no treinamento pressupõe uma adaptação biológica separada |
Recuperação pós-exercício | Cada sistema fisiológico querer um tempo diferente de recuperação. Assim, o atleta pode não estar completamente recuperado para um novo treino |
Compatibilidade entre os exercícios de treino | A interação entre exercícios com objetivos diferentes são afetados pela disponibilidade energética, complexidade técnica e/ou fadiga neuromuscular |
Concentração mental | Exercícios extenuantes querem maior capacidade de concentração do atleta e que não pode ser dividida quando se pretende desenvolver vários objetivos de treino |
Suficiência na oferta de estímulo de treino | Atletas com elevado nível de desempeno precisam da oferta de exercícios unidirecionais e específicos para continuarem progredindo. |
Atividade competitiva | Impossibilidade de apresentar múltiplos picos de rendimento durante a temporada |
Outra limitação que merece ser citada refere-se a adoção do Modelo Tradicional no treinamento de esportes coletivos.
É de conhecimento de todos as diferenças no processo de preparação de atletas dos esportes individuais e coletivos.
Até mesmo algumas nomenclaturas são diferentes (em razão de períodos de treino com objetivos diferentes).
E por isso mesmo, a literatura indica que não é producente a adoção deste Modelo no treinamento dos atletas de elite nos esportes coletivos (1).
Ao ler estas considerações é importante ter em mente o nível do atleta em treinamento e o tipo de modalidade esportiva (com todas as suas particularidades).
O autor citado não é contra o Modelo Tradicional (1).
Ele apresenta algumas de suas características que deveriam ser revistas no treinamento de atletas de alto rendimento – aquelas com anos de treinamento e experiência esportiva.
Este é um indivíduo completamente diferente daquele menino que treina a apenas 6 meses para uma competição escolar.
Na próxima notícia escreverei, ainda mantendo essa temática, sobre a periodização linear e não linear.
Até a próxima e bons treinos.
Prof. Guilherme Tucher (tucher@guilhermetucher.com.br)
Esse artigo foi publicado originalmente em 29 de agosto de 2013. Em função de sua relevância, foi novamente publicado em 21 de outubro de 2020
Sugestão de Leitura:
1. Issurin V. New horizons for the methodology and physiology of training periodization. Sports Medicine. 2010;40(3):189-206.